domingo, 21 de dezembro de 2014

O último guardanapo - Fim



Depois de ter conhecido uma mulher muito agradável no almoço, Clóvis vai até o correio e posta, sem remetente, o envelope endereçado à Morgana contendo o guardanapo escrito. Ele sai do correio sem conseguir esconder o sorriso e sem deixar de pensar no almoço que foi realmente atípico.
– É! Foi divertido – pensa ele.
No dia do aniversário da Morgana, Clóvis fica esperando um telefonema de agradecimento pela mensagem escrita no guardanapo, mas nada. À noite, ao pegar o dinheiro para pagar a pizza que tinha pedido, ele vê o cartão de Lúcia e sorri.
– Se ela me deu o cartão, é para eu ligar. Quem sabe algumas palavras dela me animarão um pouco. Ela disse que o marido não é ciumento, portanto ele não vai ligar para uma nova amizade.
– Alô!
– Lúcia? É Clóvis.
– Clóvis? Ahhhhh sim, o menino romântico do guardanapo.
            – Só dois dias e já se esqueceu de mim? – risos.
– Nunquinha. É que eu estava viajando nas ideias. E aí, notícias da Morgana?
– Que nada. Nem um telefonema. O aniversário dela é hoje.
– E você não vai lá? Dar uma passadinha de surpresa?
– Não. É melhor assim. Acho que ela já meu deu a resposta mesmo sem dizer nada – risos – mas me conta onde estava indo nas ideias?
– Pois é menino. Você nem imagina o que aconteceu. Estou na maior deprê.
– Você? Tão animada? O que houve?
– Você não vai acreditar, mas no dia em que nos conhecemos, quando cheguei em casa, o meu marido estava me esperando para um papinho cabeça. Ele queria a separação porque estava envolvido com uma colega de trabalho.
– Puxa! Lamento. O que posso fazer por você?
– Que tal vir me buscar e me levar para tomar um chope?
– Olha! Eu topo. Passa o endereço.
Eles saem, conversam, dão risadas e um apoia o outro. No fim do encontro, ele a leva para casa.
– Obrigado pela noite. Você é um cara muito legal mesmo. Quer entrar?
– É melhor não, né?
– É! Estamos sensíveis demais e carentes. Isto é um perigo, mas quero te ver de novo.
– É claro. Tua companhia é muito boa, Lúcia. Eu me diverti demais.
Lúcia se aproxima de Clóvis, o beija levemente no rosto e faz um carinho. Dá um sorriso e entra.
O tempo passa e eles se encontram outras vezes para almoçar, jantar e até para dançar, mas nada rola. A amizade é o que parece ficar cada vez mais forte.
Outro fim de semana se aproxima...
– Alô.
– Clóvis?
– Oi Lúcia.
– O que vais fazer no fim de semana?
– A princípio nada.
– Então arrume a mochila que na sexta à noite eu passo para te pegar. Vamos para a praia.
– Qual praia?
– Lembra que eu te falei que tenho uma casa na praia, mas que eu não queria ir porque tinha muita coisa do traste lá?
– Traste? O teu ex? – gargalhadas.
– Sim – risos – como ele não foi buscar, mandei um caminhão levar tudo para a nova moradia dele. A casa está limpa, desinfetada e dedetizada – gargalhadas – pronta para ser reestreada. Nem tente dizer não.
– Ok – risos – eu te esperarei.
O fim de semana chega Eles partem para a praia. Ao chegar, descarregam o carro e Lúcia o leva para o quarto onde ele dormirá. É tarde, eles fazem um lanche e cada um vai para o seu aposento.
No dia seguinte...
– Bom dia príncipe!
– Bom dia – risos – posso não ser um príncipe, mas dormi como um.
– O café está na mesa.
Depois do café, eles dão uma volta na beira do mar caminhando pela areia lado a lado. No fim da manhã, eles almoçam em um quiosque. Após algum tempo, tomam um banho de mar e voltam a caminhar. No retorno se dão as mãos e retornam para casa de mãos dadas.
À noite combinam de sair para comer uma pizza. Bebem um vinho, contam mais de suas vidas, dão risadas e voltam caminhando pela orla para apreciar a lua sobre o mar. Perto da saída, que dá acesso para rua da casa de Lúcia, ela envolve seus braços sobre o pescoço de Clóvis que envolve os seus na cintura dela.
– Você é um cara incrível, sabia? – diz ela.
– Posso dizer o mesmo de você – ele responde.
E acontece o primeiro beijo com a trilha sonora da pequena brisa passando nas folhas dos coqueiros e o ruído das ondas do mar. Aí, eles afastam seus rostos e se olham...
– Que será que foi isto? – pergunta ela.
– Não vamos tentar entender – responde ele.
Chegando em casa, eles sobem no terraço, onde trocam algum carinho, para curtir mais um pouco do luar. Depois de algum tempo, vão dormir. Na porta do quarto de Lúcia, eles trocam um sorriso e se dão um selinho.
A noite está agradável, a temperatura é confortável, mas Clóvis sente muito calor e não consegue dormir. Então, ele volta para o terraço e para sua surpresa encontra Lúcia que diz sorridente:
– Também não conseguiu dormir por causa do calor?
– Sim, mas acho que não é o calor.
Clóvis vai até ela, segura suas mãos fazendo-a levantar suavemente e a beija com mais desejo que na beira do mar. Neste momento, nada mais os segura e eles vão para quarto de Lúcia. Depois de se amarem como dois amantes que se reencontram após muito tempo, eles adormecem.
No dia seguinte, eles conversam sobre o que aconteceu e o que seria dali para frente. É óbvio que não foi casual, pois se sentem muito atraídos um pelo outro, mas o passado deles é recente e forte. Logo, decidem deixar rolar sem cobranças.
O tempo passa, e eles saem, ficam, viajam sozinhos, juntos, mas não retornaram mais a casa de praia. Eles vão levando um romance que parece não crescer, mas também não ruir.
Um dia na fila do cinema...
– Clóvis!
– Morgana! Que surpresa. Há quanto tempo? Esta é...
– Lúcia – a própria interrompe Clóvis e se apresenta – sou amiga dele.
– Prazer, Morgana. Eu vim fazer compras e te vi aqui na fila. Você anda sumido.
– Ah! Estou correndo por aí.
– Quer assistir o filme com a gente? – Pergunta Lúcia.
– Não obrigada. Não quero atrapalhar – responde Morgana.
– Que isto? Atrapalha nada – retruca Lúcia.
– Obrigada, mas preciso ir.
Morgana se afasta e Clóvis diz:
– Assistir filme com a gente – gargalhadas – só você mesmo.
– Eu precisava ver a reação dela. E vi, ela gosta de você.
– Gosta nada. Se ela gostasse eu não teria escrito o último guardanapo, né?
– Vai por mim. Sou mulher. Vai ver ela tem os seus motivos para agir como agiu com você, mas... Azar dela e sorte a minha. Enquanto ela não se decide eu vou aproveitando – risos.
– Vai entender as mulheres.
– E você não sentiu nada?
– Se eu disser que não, é mentira. E não vou mentir para você.
– Clóvis, de boa. Estamos nos curtindo bastante, mas no coração a gente não manda. Vai atrás dela. Antes de qualquer coisa, nós somos amigos. Não prometemos nada um para outro. Este foi o trato. Eu quero você feliz.
– Lúcia. Tudo que quero neste momento é ver este filme com você. Nada mais. É impossível não sentir nada em um encontro como este depois de tudo que eu e a Morgana vivemos, pelo menos da minha parte, mas nossa história ficou no passado. São lembranças que com o tempo perderão a força.
Ela sorri e o beija. Eles compram os ingressos e entram no cinema.
No dia seguinte acontece um happy hour com a turma de Clóvis que tem como integrante a Emile, a prima de Morgana. Eles são muito amigos.
– Oi Clóvis que conta de novo?
– Novo mesmo... Apenas uma pessoa incrível que conheci.
– Quer dizer que esqueceu minha prima?
– Emile, posso dizer que sim. A Lúcia é uma pessoa muito legal. Ontem, casualmente no shopping, a Morgana a conheceu,  mas algo me diz que você já sabe.
– Olha, você está certo. Eu sei sim. Ela sentiu a perda, mas não quer te ligar. Eu já insisti, dei conselhos, mas ela quer continuar com a sua vida de solteira.
– É Emile, nem insista mais. Deixa-a com suas escolhas. Estou muito empolgado com a Lúcia. Ela tem me completado e quero investir muito nesta relação. Não quero que nada atrapalhe, nem mesmo a Morgana. Nossa história poderia ter sido escrita diferente, a quatro mãos. Porém, só eu escrevia e pior, cada linha que era escrita ela apagava. Já deu o que tinha que dar. A Lúcia vem me buscar mais tarde, você vai ver como ela é legal.
Mais tarde a Lúcia aparece e Clóvis a apresenta para turma. Nos poucos minutos que ela ficou, todos perceberam o quanto que ela é agradável.
– Aonde vamos agora? – pergunta Lúcia.
– Para o meu apartamento.
– Nossa! Nunca fomos para lá. Foi aquela vez na praia, lá em casa e outros lugares, mas nunca no teu ap.
            – Eu estava aguardando uma oportunidade diferente.
            – Fiquei com medo.
            Ele apenas sorri.
Eles vão para o apartamento de Clóvis e chegando lá...
– Lúcia! Nós combinamos de não nos cobrarmos nada, de irmos com calma, mas esta situação está me deixando desconfortável e antes que pense besteira eu já digo o que quero, pois estou vendo a tua cara – risos. Eu quero ser cobrado, dar satisfações e quero fazer o mesmo com você.  Não precisamos perder a nossa individualidade, mas ter um compromisso. Eu quero investir na gente. Eu não quero outro relacionamento acidentado e unilateral embora o nosso já tenha uma cumplicidade. Eu quero oficializar tudo isto. Na verdade, já estamos namorando, apenas ignoramos isto. O que achas?
– Eu acho que você é um romântico antigo do século passado – ela dá uma pausa, mas depois solta um grito – mas eu amo tudo isto. Pensei que nunca me diria algo assim. Eu quero muito. A grande verdade é que eu me apaixonei por você no dia em que te conheci naquele restaurante. Não quando me sentei é óbvio – risos – mas em cada palavra que me disse, no teu jeitinho. Eu dei o meu cartão por impulso. Não deveria, pois era casada. Eu não sabia que ele estava me aprontando. É claro que o casamento estava decadente. Também, o safado tinha outra, mas eu ainda tinha respeito por ele. Dar o meu cartão para você foi algo sem pensar, mas que resultou em uma coisa maravilhosa. Estamos aqui definindo o nosso futuro. É tudo que eu quero.
– Que ótimo, mas com uma condição.
– Estava bom demais para ser verdade – gargalhadas – e qual é?
– Selarmos este compromisso na casa de praia e ir para lá com mais frequência.
Aí, ela pula em cima dele e o beija vorazmente. Eles cumprem o combinado e tudo que se sabe é que estão felizes. Se é para sempre... Talvez outra história possa contar.

23 comentários:

  1. Claudio, muito bom o conto!
    A vida é assim mesmo, temos que aproveitar as oportunidades de sermos felizes, que muitas vezes passam em nossas vidas e não damos o devido valor!
    FELIZ NATAL,amigo!
    Bjus coração!
    http://www.elianedelacerda.com

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  2. Adorei o final! E não é que a fila tinha andado mesmo? As vezes o destino aparece com opções muito melhores :) Beijao!!

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  3. Bom dia Claudio.
    Gostei do final, mas achei a prima da Morgana desleal, ela deu a intender que Morgana queria ficar sozinha, o que de fato foi era que ela pediu a prima para sondar a situação. A falta de dialogo muitas vezes destrói um relacionamento. Enfim ele consegui uma boa companhia.
    Feliz Natal.
    Abraços.

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  4. que lindo, amei o final do Clovis e da Lucia
    Feliz Natal
    bjs

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  5. Gostei do final dessa história, bonito e bem humorado (como a maioria dos seus textos). Enfim, um feliz natal e até mais!

    aguardandoocamaleao.blogspot.com

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  6. Meu relacionamento com o meu marido começou assim, com uma grande amizade, depois "ficadas" e depois não nos largamos mais!
    Bjs – Su
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  7. Oi amigo,
    Natal tem tudo a ver com amor. É a época do ano em que nossos corações estão mais receptivos e harmoniosos e nossas esperanças são renovadas. Feliz Natal e um próspero Ano Novo!

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  8. Ah que tudo, adorei esse conto, mas torcia tanto pela Morgana boboca acordar para vida, perdeu o cara q podia ser o futuro dela, sorte da Lúcia né ? Isso serve para refletirmos sobre as oportunidades q temos.
    Desejo um feliz Natal para vc e um novo ano cheio d novas conquistas, abraços !

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  9. Excelente conto, com um final feliz e bonito :)

    É tempo de desejar...

    UM NATAL MUITO FELIZ, COM PAZ E ALEGRIA, E MUITO AMOR NO CORAÇÃO.

    Beijinhos
    Mariazita

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  10. Oi, Claudio!
    Clóvis é mesmo um romântico! Que seja o último guardanapo! :)
    Boas festas para você e sua família! Que seu natal e ano novo sejam abençoados!
    Beijus,

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  11. Olá amigo, Claudio passei aqui para lhe desejar um feliz e santo Natal.
    Que Jesus seja realmente lembrado em seu dia. Grande abraço!

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  12. EXCELENTES SEUS CONTOS,CLAUDIO.

    DESCULPE NÃO O ESTAR VISITANDO,MAS MEU MARIDO FOI OPERADO RECENTEMENTE E,POR HORA,SÓ ESTOU RETRIBUINDO AS VISITAS.

    FELIZ NATAL E UM NOVO ANO DE BÊNÇÃOS,QUERIDO AMIGO.

    Obrigada pela visita,volte sempre!


    Beijos e uma semana de alegrias

    Donetzka

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  13. Claudio passando pra desejar um Feliz Natal fique com Deus beijos.
    Blog /Fan Page / TSU/

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  14. Oie Claudio =)

    Nada como um final feliz para deixar o Natal ainda mais mágico!

    Beijos e um Feliz Natal!
    ;***

    Ariane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary


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  15. Boa noite amigo Cláudio!
    Valeu ter lido todos os contos. ..Parabéns ! Sugiro investir em uma publicação de livro. Suas histórias são sempre surpreendentes...adoro! Que Deus continue nos abençoando sempre!
    ♡ ♡ ♡ ♡ ♡ ♡
    Que o Menino Jesus renasça sempre em nossos corações!
    ♡♡♡♡♡♡
    ☆☆☆☆☆☆
    FELIZ NATAL!!!
    ☆☆☆☆☆☆
    Bjokas da Bia!!!
    ♡ ☆ ♡☆♡☆♡

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  16. Oi, Claudio!
    Gostei muito do texto! Fiquei feliz pelo Clóvis!
    Gostei do que o Clóvis disse para a Lúcia... Minha mãe é fã do Roberto Carlos, tem os discos e talz... Eu não sou fã, mas tenho familiaridade com as músicas... Acho que ele é bom com as letras... Quando o Clóvis disse "São lembranças que com o tempo perderão a força", me lembrei automaticamente de "Na longa estrada do tempo que transforma todo amor em quase nada" da música "Detalhes".

    ...beijinhos***

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  17. Essa Lúcia é incrível!
    Gostei muito da história, de todos os três capítulos.
    petalasdeliberdade.blogspot.com

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  18. Essa Lúcia é incrível!
    Gostei muito da história, de todos os três capítulos.
    petalasdeliberdade.blogspot.com

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  19. Claudio, adorei o final da história...
    Era o que estava desejando q acontecesse...

    Bjos
    Juju

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  20. Oi Claudio que historia linda,adorei ...E desde já desejo um feliz natal ,atrasado rsrs e um prospero ano novo ...Abraço .

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  21. Vim para desejar-te um excelente ano de 2015! (assim como todos os outros que estão por vir, claro!)
    Toda paz do mundo em seu coração! Beijocas de luz!
    www.rosachiclets.com.br

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