domingo, 25 de agosto de 2013

O náufrago

Já faz dois anos. E nós aqui né, James?
Por que aquele barco foi afundar?
Pior. Por que fui cair do bote onde estava o pessoal?
Eu sei, eu sei James. Fui boca aberta, moscão, vacilão, tudo isto.
Também não tenho do que reclamar, achei uma bóia, a maré me trouxe para esta ilha cheia de frutas, caça e água fresca. 
Mas são dois anos já, James.
Como assim? Eu te chamo de James porque escolhi o nome do meu ídolo James Bond. Só ele para sair desta ilha no lombo de tubarões.
Ah! Piada né? O que você quer James? Tudo bem que no filme do Tom Hanks era outro nome, mas você é um coco e não uma bola de vôlei. Do que está reclamando?
Espera ai James. Estou há dois anos nesta ilha falando com um coco vazio que tá reclamando de eu o chamar de você. Cara, a bola era de grife e você um dos milhares de cocos caídos no chão desta ilha. Tenha piedade. Ô saco. Não chamo de senhor, não!
Tá certo! É ruim ficar me ouvido reclamar o tempo inteiro, mas olha a situação.
É verdade, o pessoal do bote pode ter morrido ou estar num escritório fechado enquanto eu estou neste paraíso com a vida mansa.
Porém, não está esquecendo de nada não, Mané?
Como o que? Seu boiola.
Mulher! Já ouviu falar de mulher?
É o que dá ser um coco vazio. Dããã;
No meu trabalho tinha cada gata. Nossa! Uma mais gostosa que a outra.
Se bem que eu não dava sorte. Elas não me davam bola.
Só a Jurema me dava mole. Mole não, ela não largava do meu pé, mas esta, Deus me livre, nem de graça. Eu não queria de jeito algum.
Por quê? Ela é feia. Feia não, muito feia. Pior, horrorosa dos pés a cabeça. E ainda, chata, terrivelmente chata. Eu a odiava. Ela dava em cima de mim escandalosamente. Não escondia de ninguém. Era um saco.
Todos ficavam me zoando: “Ela gosta de você” diziam eles. E eu sempre respondia mostrando o dedo médio.
Um dia uma funcionária nova lindíssima me olhou e faz um comentário positivo. Estava tudo para mim, mas aquelas putas das meninas disseram: “Não te mete com este que é da Jurema”.
É mole? Queimaram o meu filme direitinho. A gata nunca mais me olhou.
Se eu falei com a Jurema?
Claro James, mandava-a pastar toda hora, mas quanto mais eu a xingava mais ela se excitava. Nas festas da firma, meu, eu fugia dela como um solteirão foge do altar. Era um terror para cima de mim.
Pois bem James, não adianta lembrar disto agora não é mesmo? Estou sozinho nesta ilha.
OK, OK, com você. Só me faltava esta, um coco ciumento. Se bem que lembrar é bom. Acho que não seria ruim se a Jurema estivesse aqui. Pensando bem ela não era tão feia assim.
Que saudade da Juju. 

domingo, 18 de agosto de 2013

Aventuras em Salvador

A maioria das pessoas fala que viajar a trabalho é ruim. Quando estas viagens se tornam uma rotina é ruim mesmo. 
Em 2008, eu já estava cansando de tanto viajar, mas fui abençoado.  Minha viagem a trabalho foi para Salvador.  Os Baianos dizem que Deus mora lá. É difícil falar algo a respeito porque o Nordeste todo é lindo, mas com certeza se Deus quiser morar no Brasil, Salvador está no páreo.
Eu nunca pensei que minha viagem apesar de ser para um lugar fascinante daria uma postagem no blogue. Entretanto, conversando com um ou outro sobre as façanhas que fiz na capital baiana, percebi cinco anos depois, que daria um texto.
Então, vamos lá.
A semana de trabalho antecedia o feriado de Tiradentes, 21 de abril, naquele ano caiu na segunda-feira. É claro que eu programei meu retorno para voltar neste dia. Como as diárias pagas pela empresa eram apenas até sexta, eu me convidei para ficar na casa do amigo Rogério.
Uma coisa para aprender sobre baiano é que não precisa de convite, basta dizer: “Tô indo”.
Para não ficar na rotina sem graça do trabalho para o hotel, do hotel para o trabalho, eu resolvi me divertir e uma das noites sai a pé para conhecer Ondina.  Chegando lá vi o coco gelado a R$ 1,00.  O detalhe é que eu tinha me esquecido de levar dinheiro, aí ferrou. A caminhada era de uns 40 minutos, ida e volta, e eu não estava com menor disposição de voltar ao hotel para depois voltar a praia. Além disso, Salvador como toda grande capital brasileira não permite ficar dando bandeira a noite pelas ruas. No outro dia, eu voltei lá.  Tomei um coco e pedi outro dizendo que queria compensar o dia anterior. Então ouvi:
– Não faça isto meu rei. Podia ter pego ontem e pago hoje.
Fiquei lisonjeado com a confiança e aprendi outra coisa. Na Bahia todo mundo tem sangue nobre porque é rei ou rainha.
Seguindo com as minhas aventuras, naquela época, solterinho da Silva, perguntei para um taxista qual o ponto mais legal de paquera. Ele disse:
– Caranguejo Sergipe.
Adivinhem para onde fui na noite seguinte?
Lá, mal sentei, e já percebi uma moça me paquerando, então pensei: “Aqui é bom mesmo”.
Logo, ela me chamou para sua mesa onde estava com sua irmã e uma amiga. Começamos a conversar e vi que a moça era muito simpática, além de ser uma mulata muito bonita. Porém, lá pelas tantas ela resolveu falar uma coisa:
– Preciso te dizer uma coisa. Somos garotas de programa.
Confesso que fiquei surpreso, mas não me abalei, pois não sou preconceituoso e a moça era legal. É claro que eu já não me sentia mais um Gianecchini, pois a paquera virou um negócio comercial. Só que ela se insinuou ainda mais e deu o preço:
– São R$ 350.
– Eu sou funcionário e não o dono da empresa – falei.
Fiquei mais uns 15 minutos e avisei que ia embora. A irmã dela queria que eu pagasse a conta da mesa, mas eu paguei a minha parte.  Cai no golpe da paquera, mas não do da carteira.
No fim de semana minha aventura foi estritamente familiar. Rogério e sua adorável esposa Lu, apesar de serem mais novos que eu, me trataram como um filho. 
Eles têm duas filhas cada um. Eram duas adolescentes que já estão moças, e duas pequenas gracinhas que já estão adolescentes. Eles me levaram para conhecer os pontos famosos como Pelourinho, Farol da Barra, Mercado Modelo e claro o Elevador Lacerda. E na entrada do Mercado Modelo eu conheci uma cigana que me pediu uma moeda para fazer uma simpatia. É claro que eu sabia que a moeda ia sumir, e de fato sumiu. O que a esperta da cigana não esperava era me atacar novamente na saída do Mercado.
– Tu já me deves R$ 1,00 – eu disse.
– Eu não. Você está me confundindo – disse ela, e se mandou tão rápido quanto a moeda. 
Eu perdi R$ 1,00, mas me diverti muito. Logo, paguei para dar risadas. No domingo, a minha querida família soteropolitana tinha um aniversário de criança. É claro que eu não quis ir. Eu não me sentiria bem mesmo sabendo que em Salvador isto é bobagem, pois mesmo sendo desconhecido do dono da festa, o amigo do amigo é grande amigo.  No entanto, eu liguei para outro camarada, o Thiago, porque sabia que ia rolar um clássico. Para quem ama futebol como eu, estar em Salvador em dia de clássico e não assistir um Ba-Vi é a mesma coisa que não ir a Salvador. O Thiago me buscou e me levou para almoçar na sua casa como um típico anfitrião baiano. Chegando lá recebi um abraço caloroso e apertado de sua mãe como seu eu fosse um amigo de anos. E ela disse:
– Meu filho! Se tivesse avisado eu teria feito uma moqueca.
Eu olhei para o Thiago e disse: – Eu te mato – Sim, porque moqueca já é bom, feita por mãe então é bom demais. Ela fez um preparado com o que tinha, mesmo   assim ficou uma delícia.
A hora de ir para o estádio foi interessante. A família do Thiago é Vitória até morrer, e depois também. Uma moça, a Eliane, amiga da turma, que foi com a gente era torcedora do Bahia. Eu fiquei com pena dela. Era uma onda geral em cima da menina, inclusive eu, que aquelas alturas era Vitória desde pequeninho. Chegamos ao estádio e a posição do sol me comia uma perna. Eu, bobo do sul, só tinha passado protetor no rosto, orelhas e braços. Como eu estava de bermudas, aquele sol ia entrando. A minha sorte foi que no Nordeste o sol se põe cedo.
A festa pré-jogo foi muito bonita, tanto de uma torcida quanto da outra. Eu estava no meio da torcida do Vitória é claro, mas dava para ver a Bamor vibrante com o lindo colorido no outro lado do estádio.
O jogo começou e não demorou muito para o Bahia fazer um gol, e justamente na goleira onde estávamos. Alegria de um lado e tristeza do outro, o nosso. Ali, apenas Eliane com um sorriso escondido estava satisfeita. Ela estava louca para descontar a gozação que sofreu na ida para o estádio Barradão, mas não podia porque era minoria, ou melhor, solitária.
O Bahia fez mais dois gols ainda na mesma goleira, e o Vitória descontou para renovar a esperança do rubro-negro baiano. No segundo tempo, o Bahia fez mais um gol o que decretou a vazão do estádio pela torcida dona da casa. Inclusive nós. No caminho para o carro todos estavam de cabeça baixa pela derrota de 4x1 até que alguém ligou o rádio com a música nas alturas. Neste momento, o jogo ficou para trás e todos começaram a dançar na rua. Outra coisa que aprendi na Bahia: Alegria agora, agora e amanhã.
Bom, para os meus amigos do Vitória não ficarem zangado, no jogo de volta, o Nego, assim chamado, devolveu a humilhação por 3x0 e na outra semana acabou por ser campeão por critérios de desempate por ter feito um gol a mais. Outra coisa que só vi lá.
Na segunda, depois de curtir a praia com a minha família baiana, peguei o avião de volta para São Paulo, onde eu estava morando, e com certeza meu coração não voltou inteiro, pois um pedacinho dele ficou lá. 


domingo, 11 de agosto de 2013

Dia dos Pais

Ser Pai...
É amar, proteger e dar carinho, encher de beijos e fazer cosquinhas.
É junto com o filho ensinar, aprender, ser criança, brincar, passear e se divertir.
Também é orientar e mostrar o caminho certo.
É dar liberdade dentro dos limites.
É mostrar o respeito para ser respeitado.
É acompanhar o crescimento e crescer junto.
Por tudo isto, eu te amo meu PAI.

Amor de Pai I
Até parece que foi ontem que tu dormias com os braços para cima como se fosse um campeão comemorando uma vitória.
Quando começaste a engatinhar, nenhum obstáculo te parava. Almofadas, pufes e poltronas não eram páreo para a tua habilidade e vontade de ultrapassar.
Ao caminhar, nossa, melhorei meu preparo físico para poder te acompanhar.
Minha surpresa quando te vi sentando em cima da mesa com a cara de satisfeito como um alpinista que chegou ao maior pico.
Porém, as maiorias das vezes tu querias vir atrás de mim.
Lembro-me dos nossos jogos de futebol que eu saia ganhando de 9 x 0 e depois te deixava virar em 10 x 9 para te ensinar que não devemos desistir. Já nas corridas eu vencia algumas para te mostrar que devemos perder com dignidade, mas depois tive que correr de verdade para poder te acompanhar. Hoje, nem tento correr atrás, pois és um homem e já tomas as próprias decisões.
Muitas vezes tivemos conflitos de opiniões, com isto tu cresceste ainda mais e eu aprendi contigo.
Que eu tenho orgulho de ti, acho que não tens dúvidas.
O que posso te dizer, até agora, além de que te amo, é: Obrigado meu filho.

Amor de Pai II
Após nascer, tu dormias confortavelmente em cima de mim.
O tempo passou e você passou a dormir ao meu lado.
Mais tempo passou e você começou a decidir onde dormir.
Muito andamos no shopping de mãos dadas, depois virou mico.
Agora não tens mais vergonha e diz que é porque sou teu Pai.
Eu era Papai, aí fui rebaixado para Pai.
Uma coisa eu não posso me queixar, nunca deixaste de ser carinhosa, aliás, este carinho só tem aumentado.
Sinto falta de dormir agarradinho, sentir teu cheirinho. Por isto estou sempre te abraçando, te enchendo de beijinhos.
Tá certo, faço cosquinhas de vez em quando, mas é para ouvir tua risada que é gostosa por demais.
Só fico pensando quando te ver com namorado o quanto de ciúmes sentirei.
A preocupação da demora para tu voltares para a casa.
Ah! Minha filha, que saudade sentirei de ti.
Eu te amo.

domingo, 4 de agosto de 2013

Meu vestido rodado / Selo Amigos de inverno

Hoje a postagem está dividida em duas partes.
O primeiro texto é sobre uma brincadeira para qual fui convidado pela minha amiga blogueira Cátia Schmaedecke, que enviou a foto de uma linda menina para escrevermos um texto sobre a imagem e o tema “O meu vestido rodado”. Então fiz uma história infantil do tipo "Era uma vez....". A Cátia publicou todos os textos em seu blogue Antares.
Quem quiser dar uma espiadinha nos outros textos fique à vontade, posso garantir que ficaram ótimos.
A segunda parte é uma dívida que tenho com minha outra amiga blogueira Lane do blogue Coruja Essência. É para responder o meme Amigos do Inverno. E este eu tenho que responder logo antes que o inverno acabe se não vira Amigos da Primavera.


O meu vestido rodado 
Era uma vez uma menina pobre. Sua família de origem humilde só tinha dinheiro para as necessidades básicas. Seu nome era Inga. Ela era muito aplicada no colégio, uma aluna exemplar. Todos os professores eram apaixonados por ela. Mesmo tendo apenas 9 anos ela sofria bullying de seus coleguinhas porque usava roupas muito simples.
Apesar de tudo, ela era muito feliz e adorava dançar.  Bastava ouvir uma música de qualquer gênero, ela dançava. Ela gostava tanto que fazia parte do grupo de dança do colégio.
Um dia a sua felicidade acabou. A escola decidiu participar de um concurso de danças para colegiais, mas os pais dela não tinham dinheiro para comprar o vestido.
Ela não poderia participar. Então ela chorou, chorou e chorou.
Passou a ser a menina mais triste da escola.
Entretanto, o que mais a deixava triste é que justamente neste período de tristeza o seu pai mal parava em casa. Ela sentia muita falta dele. Amava a mãe, mas queria os dois juntos para receber o carinho e amenizar a tristeza.
Os dias iam passando ela ficava com mais saudade do pai. A resposta era sempre a mesma:
– O papai está trabalhando.
Até que um dia o seu pai entra em casa carregando um lindo vestido rodado azul. Chegava a brilhar de tão novinho. O sorriso dela voltou na mesma hora, mas pensem que ela correu para pegar o vestido? Não! Ela correu para abraçar o pai e disse:
– O vestido não importava mais. Eu queria tu, papai.
E o pai respondeu:
– O papai queria te dar este presente. Por isto eu arrumei um trabalho extra. Quando eu chegava a noitinha tu já estavas dormindo. Então eu ficava uma hora ali te olhando, depois te dava um beijinho e ia descansar. De manhã quando eu saía, tu ainda estavas dormindo, aí eu te dava um beijinho e ia trabalhar. Assim consegui um dinheirinho para te dar o vestido. Agora tu poderás ir ao concurso de dança.
Ela foi ao concurso. A escola não ganhou, mas foi o dia mais feliz de sua vida.
E todo mundo que via aquela felicidade radiante perguntava o motivo e ela respondia:
– Porque o melhor pai do mundo me deu o meu vestido rodado. 


Meme: Amigos de Inverno 
Mencionar quem te deu o selo: Lane – Coruja Essência

Falar 11 coisas sobre mim:
01 – Torço para o Internacional de Porto Alegre
02 – Amo contar piadas
03 – Sou louco por Lazanha e Kibe cru, separados é claro.
04 – Gosto de filme policiais
05 – Bebo muito raramente porque não gosto muito.
06 – Sou um amante a moda antiga.
07 – Sou fã da Shakira e do Sidney Magal.
08 – Tenho paixão pelos filmes antigos do 007
09 – Gosto de viajar
10 – Sou viciado em refrigerante Fruki Cola
11 – Acho as drogas um atraso mundial

Responder as 10 perguntas:
01 – Acredita em vida após a morte? 
        Não sei. As vezes sim, as vezes não. É uma pergunta muito difícil de responder, 
        mas acho que é mais pelo não.

02 – Gosta de estudar? 
         Depende do assunto. Gosto de coisas práticas e menos teóricas.

03 – Quais as suas cores favoritas? 
         Vermelho e verde não juntas evidentemente.

04 – O que mais gosta de fazer? 
         Namorar, viajar, escrever e ver futebol

05 – Uma realização? 
        Publicar um livro

06 – Minha comida predileta? 
         Kibe cru

07– Um hobby? 
        Escrever

08 – O que você escreveria se só tivesse uma folha no mundo e ela estivesse com 
         você? 
         Algo importante para que esta folha servisse de exemplo para cuidarmos da 
         natureza e para que isto não acontecesse mais.

09 – Um instrumento? 
         Xiii.. sou péssimo em música, não toco nem caixinha de fósforo, mas gosto de 
         piano.

10 – Com quem você quer passar agarradinho no cobertor nesse inverno? 
         Minha esposa é claro. Ai de mim se disser que é com a Shakira. O sofá aqui de 
         casa é muito ruim. Isto se eu for para o sofá.

Repassar o selo para 11 blogs
01 – Cátia Schmaedecke       –         Antares 
02 – Maria José                      –         Pétalas de Liberdade
03 – Tati Batista                     –         Contos da Garota Meroko
04 – Samyle                           –         Florecer e Palavrear
05 – Marilene Domingues      –         Folhas Flores e Sutilezas
06 – Nanda Bender                –         Duas Épocas  
07 – Silvana Haddad              –         Meus Devaneios Escritos
08 – Thamyris Aquino            –         Utopia Non Grata
09 – Sol Tamalyn                   –         Vídeos da Sol
10 – Aline Thompson             –         O Diário Thompson
11 – B.                                    –         Dose Certa